De bolorentos livros rodeado
moro,
Senhor, nesta fatal cadeira
de
quinze invernos a voraz carreira
me
tem no mesmo posto sempre achado.
Longo
tempo em pedir tenho gastado,
e
gastarei talvez a vida inteira;
o
ponto está em que quem pode queira,
que
tudo o mais é trabalhar errado.
Príncipe
augusto, seja vossa a glória:
fazei
que este infeliz ache ventura;
ajuntai
mais um facto à vossa história.
Mas,
se inda aqui me segue a desventura,
cedo
ao meu fado, e vou co’a palmatória
cavar
num canto da aula a sepultura.
Nicolau Tolentino em Sátiras
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